A moda africana deve ser ocidentalizada?

by | 1 Outubro 2022 | Modo

Será a salvação para um designer africano pedir códigos emprestados ao Ocidente para desenvolver a sua marca? Para responder a esta pergunta, temos de apresentar exemplos concretos e dar a cada um a oportunidade de formar a sua própria opinião.

Ser um designer contemporâneo

Para responder à questão de saber se a moda africana deve ser ocidentalizada, vamos analisar mais de perto o perfil de Thebe Magugu, para dar algumas pistas de reflexão. Thebe Magugu afirma sistematicamente as suas origens sul-africanas nas suas criações. Fundou a sua marca epónima em 2015 e entrou na cena internacional alguns anos mais tarde.

Reconhecimento internacional

Em 2019, ganhará o Prémio LVMH. Em 2021, será um dos 6 finalistas do Prémio Internacional Woolmark. A sua ascensão insolente faz da sua carreira um caso exemplar. As suas vitórias deram-lhe acesso aos meios de comunicação internacionais, à rede e aos fundos necessários para desenvolver a sua marca. Ele encadeia habilmente uma série de colaborações, como se quisesse estabelecer o seu estatuto de diretor artístico de referência. As suas cápsulas, criadas em parceria com marcas ocidentais, são uma extensão do ADN da sua marca.

Inclui a sua comitiva em todas as suas iniciativas e o seu cunho sul-africano não é discreto, atenuado ou ligeiro. Da Az Factory à Adidas, ele está onde menos se espera.

A moda africana deve ser ocidentalizada?

Thebe Magugu

Colaboração sem precedentes

A sua experiência de exploração criativa com Pierpaolo Piccioli, diretor artístico da Valentino, é um bom exemplo do renascimento do ecossistema da moda. Os dois designers aceitaram o desafio de criar uma peça única, ou mais precisamente, uma transformação. Cada um assumiu o trabalho do outro para criar uma nova visão. Cada etapa da experiência foi documentada pela Vogue. Trata-se de uma interessante mise en abyme, um verdadeiro exercício de risco com o qual Thebe Magugu parece estar perfeitamente à vontade.

A cada colaboração, o jovem designer comenta cada uma das suas iniciativas, descrevendo as suas influências e a sua relação com África. Parece utilizar as suas oportunidades como pretextos para tornar visível o invisível. Afirma com força a sua identidade plural e mistura habilmente as influências. Não nega. Não nega, não esquece. Pelo contrário, contextualiza, permitindo a todos identificarem-se com ele e desempenharem o seu papel.

Sem concessões, escolhe a dificuldade para nos obrigar a reconsiderar a parte do Ocidente em África e a parte de África no Ocidente, num mundo em que as fronteiras da criação artística estão em constante mutação.

Thebe Magugu parece estar a conseguir deixar a sua marca na cena internacional com um toque leve e sem comprometer a sua identidade.


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