Do desenho à arte contemporânea
Gombo define-se como um artista plástico, um termo que engloba uma multiplicidade de técnicas. Desde as suas memórias de infância em Luanda, onde reproduzia desenhos animados, até aos seus estudos de arte aplicada em Nantes, a paixão pelo desenho e pela narração de histórias tem sido uma constante. Depois de uma carreira como storyboarder na indústria dos desenhos animados, sentiu a necessidade de criar um trabalho mais pessoal, de acordo com as suas origens africanas.
A procura das origens, um fator artístico e identitário
É no bairro parisiense de Château-Rouge que Gombo empreende uma introspeção através de um projeto de documentário sobre os taxifones, locais de comunicação entre os migrantes e as suas famílias. Esta iniciativa transformou-se numa busca de identidade, durante a qual reavaliou a qualidade da sua relação com a família. Sentiu a necessidade de explorar o seu património. E a cera, um têxtil carregado de história e de simbolismo, torna-se o meio de exprimir esta procura.
A cera, um material carregado de história e simbolismo, está no centro da sua abordagem artística
O artista aprendeu a serigrafia, uma técnica adaptada à reprodução de padrões de cera. Para ele, este tecido simboliza a complexa história entre África e a Europa, uma mistura de culturas e tradições. Gombo utiliza-o para criar obras que questionam a forma como olhamos para África, propondo uma releitura da história. O seu trabalho está patente no Musée de l’Homme, no âmbito da exposição “Wax”.
Um artista empenhado que explora novos territórios, entre a reapropriação e a provocação
A arte é utilizada como um meio de provocação e reapropriação. Gombo conta a história da sua primeira exposição “ilegal”, denunciando a violência do espaço museológico. O artista explora também as possibilidades oferecidas pela realidade virtual, criando obras imersivas que mergulham o espetador no coração da história.
A arte como uma viagem, uma busca de sentido e de encontros, que o leva ao Brasil
Uma vida de artista nómada, onde as viagens e os encontros alimentam a criatividade, é o que Gombo ambiciona. O seu próximo grande projeto levá-lo-á ao Brasil, seguindo as pegadas dos seus antepassados. Aí, irá produzir um desfile de moda em colaboração com artesãos locais, um projeto ambicioso que combina arte, moda e compromisso social. O artista está ansioso por descobrir a riqueza da cultura afro-brasileira e criar obras que sejam significativas para ele e para as comunidades locais.
Um artista independente em busca de uma relação autêntica com o mundo da arte, um convite à partilha e à descoberta.
Gombo dá grande importância à transmissão e à partilha do seu trabalho, convidando o público a descobri-lo nas redes sociais e nas suas próximas exposições. É um artista em movimento, que explora constantemente novos territórios e novas técnicas, criando obras que são simultaneamente enraizadas na tradição e resolutamente modernas.
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