Maison Kanthé, o chá africano entre a tradição e a conquista internacional
De eventos a cerimónias de chá
O percurso de Maïmouna Kanté-Quentrec é o de uma empreendedora movida por uma profunda necessidade de autonomia e respeito. Ainda adolescente, deu os seus primeiros passos profissionais como modelo e hospedeira. Confrontada com um tratamento que considerava injusto, esta experiência precoce levou-a a criar a sua primeira empresa de serviços para eventos. O seu objetivo era assegurar aos seus empregados um salário justo e garantir o respeito no local de trabalho, uma primeira demonstração do seu compromisso social.
Mais tarde, depois de ter estudado beleza e perfumaria em França, passou a trabalhar por conta de outrem, mas a procura de independência levou-a a criar as suas próprias estruturas.
No entanto, a sua verdadeira vocação era o chá. Inicialmente intrigada com a cultura do chá branco e com as grandes colheitas asiáticas, rapidamente se apercebeu que também existia uma tradição milenar no continente: a cerimónia Ataya. Ao constatar que os empregados de mesa em França não conheciam a bebida que serviam, Maïmouna fez da transmissão destes conhecimentos a sua nova força motriz.
Attaya, um laço social no coração da identidade africana
A marca, inicialmente denominada Comptoir des Thés, acabou por ser rebaptizada de Maison Kanthé, uma homenagem ao nome de família que evoca o orgulho e a herança guineenses. O objetivo é claro: legitimar o lugar de África na indústria do chá. O empresário recorda que, com países como o Quénia e o Ruanda, África é o terceiro maior produtor mundial de chá, um facto muitas vezes obscurecido pela imaginação asiática.
Maison Kanthé concentra-se em chás africanos de qualidade excecional e na promoção da Ataya. Esta cerimónia, que faz parte integrante das culturas da África Ocidental e do Norte de África (Senegal, Mali, Mauritânia), não é apenas uma bebida, mas um verdadeiro momento de convívio e de partilha.
Para desconstruir clichés e transmitir esta cultura, Maïmouna Kanté-Quentrec teve a ideia pioneira de oferecer workshops Ataya em empresas e para indivíduos, muitas vezes através de plataformas como Wecandoo. Estes workshops de teambuilding têm como objetivo recriar aquele momento de ligação em que os participantes deixam os seus títulos à porta para se (re)descobrirem uns aos outros de uma forma diferente, como fariam durante um chá em África.
A coleção “Rainha de África” e a conquista do continente
A Maison Kanthé, distribuída pela Galeries Lafayette Gourmet, deu recentemente um passo estratégico com o lançamento de uma campanha de crowdfunding para a sua nova gama, “Queen of Africa”.
Esta coleção é mais do que uma simples extensão de produtos; é um manifesto. Presta homenagem às poderosas figuras femininas do continente africano, que são frequentemente ignoradas pelos modelos ocidentais. O financiamento permitiu a introdução de novas embalagens de maior qualidade e, sobretudo, de saquetas biodegradáveis e compostáveis, reafirmando o compromisso da marca para com o ambiente e a sociedade.
O próximo grande desafio para Maison Kanthé é estabelecer a sua presença em África, onde a distribuição ainda não está estabelecida. O Senegal é o primeiro país visado para a introdução desta nova coleção de chás. Ao criar um espaço físico que será uma verdadeira “viagem ao continente africano” através dos seus chás e da sua decoração, Maïmouna Kanté-Quentrec prossegue a sua ambição: fazer de Maison Kanthé a casa de chá que convida a descobrir África em toda a sua riqueza.
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