Zubeida Zwavel é uma pioneira no desenvolvimento sustentável. Fundadora do Centre For African Resource Efficiency and Sustainability (CARES), trabalha há mais de duas décadas para promover práticas mais ecológicas na indústria em geral e no sector têxtil em particular.
Mas quais são os desafios específicos que as empresas africanas enfrentam quando pretendem adotar modelos de produção mais sustentáveis? E como é que Zubeida Zwavel e a sua equipa apoiam estas empresas na sua transição?
Os desafios da moda sustentável em África
África é um continente em rápido crescimento, com uma indústria da moda em rápida expansão. As empresas africanas enfrentam muitos desafios para manterem práticas sustentáveis. Em primeiro lugar, a complexidade das cadeias de abastecimento constitui um grande desafio. Os produtos chineses e indianos de baixo custo estão a inundar os mercados, impedindo o desenvolvimento de uma indústria local.
Em seguida, ofalta de recursos é um segundo desafio difícil de enfrentar. A criação de uma indústria têxtil sustentável é um investimento importante que deve mobilizar vários actores. Muitas iniciativas privadas e nacionais são de saudar. A criação de federações e de projectos de colaboração deve ser encorajada. E, finalmente, a pressão da concorrência está a perturbar um equilíbrio já frágil. A necessidade de se manterem competitivas num mercado global pode incentivar as empresas a concentrarem-se na rentabilidade a curto prazo em detrimento da sustentabilidade.
CARES: um ator-chave na transição
Em resposta a estes desafios, o Centro para a Eficiência e Sustentabilidade dos Recursos Africanos (CARES) oferece uma gama abrangente de serviços às empresas africanas. A organização ajuda as empresas a avaliar o seu atual impacto ambiental e a identificar áreas de melhoria. Ao analisar todo o ciclo de vida de um produto, desde a conceção até ao fim de vida, o CARES ajuda as empresas a identificar os pontos críticos e a tomar medidas corretivas.
Além disso, o centro apoia as empresas na definição de estratégias de economia circular destinadas a reduzir os resíduos, otimizar a utilização dos recursos e criar valor acrescentado. Esta iniciativa facilita a colaboração entre empresas para incentivar a partilha de recursos e reduzir os resíduos. Por último, o CARES oferece programas de formação e de sensibilização para desenvolver as competências de desenvolvimento sustentável dos actores da indústria têxtil.
- Avaliações ambientais
- Análise do ciclo de vida do produto
- Estratégias de economia circular
- Simbiose industrial
- Formação e reforço das capacidades
A abordagem holística de Zubeida Zwavel
Zubeida Zwavel defende uma abordagem holística da sustentabilidade, integrando as dimensões ambiental, social e económica. Salienta a importância de medir o impacto ambiental dos produtos utilizando ferramentas como a análise do ciclo de vida. Ela observa que as empresas são cada vez mais motivadas a adotar práticas sustentáveis devido a pressões externas.
Procuram reduzir os seus custos através da otimização da produção e de uma utilização mais eficaz dos recursos. Os líderes empresariais devem agora ter em conta os custos ambientais das suas actividades e adaptar-se a regulamentações cada vez mais rigorosas. E os consumidores são cada vez mais sensíveis às questões ambientais e preferem produtos de marcas empenhadas no desenvolvimento sustentável. Podemos considerar 3 parâmetros para traçar um panorama da situação atual:
- Aumento dos custos da energia e das matérias-primas
- A introdução de impostos sobre o carbono e de regulamentação ambiental
- Procura dos consumidores
O desafio da sobreprodução e da gestão dos resíduos
Zubeida salienta igualmente o problema da sobreprodução na indústria da moda, que conduz a um desperdício considerável de recursos e a uma acumulação de resíduos. O afluxo de vestuário usado dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento, como a África, agrava ainda mais a situação. Para fazer face a estes desafios, é essencial pôr em prática soluções sustentáveis a longo prazo.
Os consumidores devem ser sensibilizados para o impacto das suas escolhas e dar preferência a produtos sustentáveis e de qualidade. As empresas devem adotar modelos de produção circulares, com o objetivo de reduzir os resíduos, reutilizar materiais e prolongar a vida útil dos produtos. Os governos devem criar políticas que incentivem as empresas a adotar práticas sustentáveis e a apoiar iniciativas de economia circular. As empresas, os governos, as ONG e os consumidores devem trabalhar em conjunto para encontrar soluções sustentáveis.
Zubeida Zwavel e a CARES estão a desempenhar um papel fundamental na transição para uma moda mais sustentável em África. A sua abordagem holística e pragmática, combinada com a sua experiência em desenvolvimento sustentável, permite-lhes apoiar as empresas africanas na implementação de práticas mais respeitadoras do ambiente. Ao atuar em conjunto, podemos construir um futuro em que a moda seja simultaneamente criativa e responsável.
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