Afretail 2025: decifrar o futuro do retalho e do franchising em África
No dia 20 de junho de 2025, Paris vibrou ao ritmo da segunda edição do Afretail, o fórum dedicado ao retalho e ao franchising em África. Organizado pela Concretiz e pela Eurelia, em colaboração com a Nhood, o Canal+ e a AGL, o evento reuniu especialistas, empresários e decisores para explorar as dinâmicas, os desafios e os sucessos deste sector em plena expansão no continente africano. Para além dos impressionantes números de crescimento, o AFRETAIL destacou as estratégias vencedoras e as armadilhas a evitar para qualquer empresa que pretenda estabelecer uma presença a longo prazo em África.
África, um continente de crescimento e oportunidades
Os dados apresentados no Afretail 2025 confirmam um facto incontornável: África é um motor do crescimento económico mundial. Seis das dez economias que mais crescerão no mundo em 2024 são africanas, com países como a Costa do Marfim (crescimento de 6,1%) e a RDC (8,3%) a liderar o caminho. Este crescimento está a ser impulsionado por uma explosão demográfica (2,5 mil milhões de pessoas previstas para 2050), uma rápida urbanização (Kinshasa, Lagos, Abidjan tornam-se “megacidades”) e a emergência de uma classe média com um poder de compra crescente. Na Costa do Marfim, por exemplo, 30% da população pertence atualmente a esta classe média, o que gera uma procura crescente de produtos e serviços modernos e de qualidade.
Esta “mudança de influência cultural” (como o demonstra a presença de artistas africanos na cena internacional ou a visita da Miss França à Costa do Marfim) reflecte-se também numa procura de consumo cada vez mais sofisticada. O continente está a evoluir rapidamente, passando de uma hegemonia do comércio informal para uma estruturação do comércio formal, com o aparecimento de centros comerciais modernos e a instalação de marcas internacionais como Adopt’ Parfums, Paul e Kiko Milano em cidades como Abidjan, Yaoundé e Kinshasa.
Os principais desafios da implantação de uma presença retalhista em África
Apesar deste imenso potencial, a criação e o desenvolvimento de cadeias de retalho em África não estão isentos de desafios, tal como foi salientado em numerosas conferências e mesas redondas da Afretail. O mapa de desafios apresentado no evento realça a complexidade do continente. É imperativo compreender que “Adaptar-se é um DEVER”. As barreiras ao acesso ao mercado africano incluem :
- Complexidade regulamentar e administrativa: Cada país tem as suas próprias especificidades jurídicas e administrativas, o que exige uma adaptação constante.
- Desafios da logística e da cadeia de abastecimento: A otimização da cadeia de abastecimento continua a ser um desafio importante para garantir uma distribuição eficiente e rentável dos produtos.
- Diferenças culturais e comportamentais: Para adaptar a nossa oferta, é essencial ter um conhecimento profundo dos problemas locais e dos hábitos de consumo.
- Concorrência do sector informal: Apesar do crescimento do sector formal, o sector informal continua a ser poderoso e exige estratégias de adaptação.
- Acesso ao financiamento: Embora o continente seja um pólo de atração para o investimento, o acesso ao financiamento pode ainda constituir um obstáculo para algumas empresas e projectos.
Estratégias vencedoras e melhores práticas para o sucesso
O Afretail 2025 destacou uma série de “receitas para o sucesso” e de boas práticas para ultrapassar estes desafios e prosperar em África:
- Confiar no parceiro local correto: esta é a chave. Como foi sublinhado na mesa redonda “Gerir, transferir e comprometer-se: como construir parcerias sustentáveis em África”, é fundamental escolher parceiros que conheçam o terreno, partilhem os riscos e se comprometam a longo prazo.
- Sair para o terreno e compreender as questões locais: A imersão é essencial para compreender as realidades dos consumidores e dos mercados. Os modelos de localização têm de ser flexíveis e adaptados.
- Formação e apoio aos parceiros locais: O retalho é um “novo negócio” na África Subsariana para muitos intervenientes. A transmissão de know-how e a formação são essenciais para construir relações equilibradas entre franchisadores e franchisados.
- Investir no conhecimento da marca e na comunicação digital: Denis Cantin, da Adamant, sublinhou a importância de “construir e ampliar o conhecimento da marca em África”. As redes sociais, em particular o Facebook, o Instagram e o TikTok, são alavancas poderosas para alcançar um público massivo (50 milhões de contas no Facebook na África francófona, 96 milhões no Instagram). A estratégia digital deve centrar-se no conhecimento, na afinidade, no envolvimento e na conversão.
- Adaptação da oferta e inovação: o sucesso depende da capacidade de adaptação às preferências dos consumidores africanos. Enquanto as tendências europeias apontam para um omnicanal maduro e para um consumo responsável (economia circular, sustentabilidade), África destaca-se pelo seu “salto móvel” e pelo retalho “em expansão”. Tecnologias como a IA anti-contrafação (Vrai.AI) e a digitalização dos pontos de venda podem ser importantes trunfos.
- O caso de Marrocos, um mercado exemplar para o franchising: Fatim Sefriqui, do Grupo Marjane, apresentou Marrocos como um mercado em rápido crescimento para o franchising. O número de redes passou de 42 em 1997 para 815 atualmente, com 7.100 pontos de venda. Cerca de 75% dos franchisados são estrangeiros, o que reflecte a forte atração internacional do país. O Grupo Marjane, um dos principais intervenientes nos sectores do comércio e do imobiliário comercial, é um parceiro de eleição, oferecendo uma rede nacional estruturada e modelos de colaboração vantajosos para todos.
África é o continente das oportunidades para o retalho
O Afretail 2025 reafirmou que “África não está longe, está a ser equipada, está a urbanizar-se, está a consumir”. O fórum demonstrou claramente que as oportunidades são imensas para os retalhistas e franchisados que estão prontos a adaptar-se, a comprometer-se com parceiros locais e a investir numa estratégia adaptada às caraterísticas específicas do continente. África está à espera de retalhistas que saibam combinar ambição e excelência para ajudar a moldar o futuro do comércio.
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