Kefil Saka, Diretor da Escola de Design de África em Cotonou

Da carreira clássica ao líder da inovação

O percurso de Kéfil Saka é o de um entusiasta que combinou uma formação académica tradicional (banca, finanças e controlo de gestão) com uma paixão precoce pela costura e pela criatividade. Depois de ter organizado eventos culturais no Benim, sentiu a necessidade de formalizar as suas competências, o que o levou a estudar comunicação e humanidades digitais em Paris (Université Paris Seine).

Após uma primeira experiência numa agência criativa (Vice Media), onde se formou como diretor artístico e designer gráfico, Kéfil Saka foi convidado a juntar-se à ADS como Chefe de Ensino, antes de se tornar seu Diretor Executivo. Desde a sua chegada, implementou uma estratégia destinada a adaptar o ensino do design ao contexto africano local, nomeadamente através da integração da história da arte africana no currículo francês. A escola, que nasceu de uma parceria entre o governo do Benim e a École de Design Nantes Atlantique, tem já uma vantagem importante: atribui o Diplôme National des Métiers d’Art et du Design (DNMADE), um diploma estatal francês.

Estruturação de programas de empregabilidade

Um dos principais desafios da Africa Design School é formar pessoas para um emprego imediato. Para o conseguir, a ADS estabeleceu um modelo de ensino baseado na profissionalização e numa estreita colaboração com o mundo empresarial. A escola está a desenvolver programas de licenciatura e de mestrado em vários domínios:

• Design digital: desenvolvimento de aplicações, sítios Web e experiência do utilizador (UX/UI).
• Design gráfico: para a identidade e comunicação da marca.
• Design de objectos e produtos: Incluindo mobiliário e moda.

Para Kéfil Saka, o design é uma disciplina interdisciplinar, essencial para a resolução de problemas globais. A ADS responde a esta necessidade trabalhando em projectos concretos e em parceria com empresas que apresentam aos estudantes casos de estudo reais. Esta abordagem prática garante que os licenciados encontrem um vasto leque de saídas, seja em agências de publicidade, bancos (UX design), arquitetura ou outras organizações que necessitem de pessoas criativas para inovar.

Ambições internacionais

Embora a ADS esteja sediada em Cotonou, as suas ambições são resolutamente pan-africanas e globais. A escola atrai estudantes não só do Benim, mas também do Senegal, da Costa do Marfim, do Congo, dos Camarões, do Ruanda e do Burundi, bem como estudantes da diáspora (nomeadamente de França), que escolhem a ADS pelo seu programa adaptado ao contexto africano.

As colaborações internacionais estão no centro desta estratégia. Para além da École de Design Nantes Atlantique, a ADS está envolvida em grandes iniciativas como a FLY (Fashion Led by Youth) com a cidade de Sèmè e o Institut Français de la Mode (IFM) para a incubação de marcas de moda. Kéfil Saka também menciona a organização de grandes eventos para mostrar talentos, como as exposições de estudantes (Innovative Solutions) e a criação doPrémio Internacional de Design Africano (AIDA ) em colaboração com os Prémios Tereso, com o objetivo de premiar os melhores designers do continente.

Eventualmente, o ADS planeia juntar-se ao campus da cidade de Sèmè para beneficiar de um ecossistema de formação ainda mais rico e de uma maior influência. Está também a trabalhar no sentido de sensibilizar os pais e as empresas para a importância destas novas profissões, muitas vezes consideradas como “profissões de paixão” e não como carreiras económicas sólidas, provando que o design é uma disciplina com interesses socioculturais e económicos concretos.

Ler também

• Natasha Bibi-Derenne, Diretora Associada de Programas Internacionais da HEC Paris
• A incubadora FLY, uma iniciativa do IFM e da cidade de Sèmè, no Benim
• Prémios Internacionais de Design de África